segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A quem interessa criar uma falsa crise entre as FFFAA e o poder civil?

Por Lucas Figueiredo, em seu blog:

Celso Amorim e os comadantes militares: todos naquela reunião seguem a hierarquia

Celso Amorim não gosta dos militares. Celso Amorim é de esquerda. Celso Amorim prefere Irã e Venezuela aos Estados Unidos...

Os militares não gostam de Celso Amorim. Os militares não engolem a esquerda. Os militares enxergam em figuras como Mahmoud Ahmadinejad e Hugo Chávez – e, obviamente, seus comparsas – inimigos a serem combatidos...

Isso é o que parte da imprensa quer que você pense, mas será mesmo assim?

A leitura chapada dos fatos – às vezes equivocada, às vezes mal-intencionada – leva muitos a uma conclusão rasteira: Celso Amorim não dará certo como ministro da Defesa porque vai trombar com os militares. Duvido. Primeiro: as Forças Armadas de hoje – e eu falo por conhecer – não só estão conscientes da hierarquia devida ao poder civil como também prezam os valores democráticos. Se os militares aceitaram bater continência para um ex-sindicalista e uma ex-guerrilheira, que por força do destino se tornaram comandantes-em-chefe das Forças Armadas, por que não se subordinariam a Celso Amorim, que não é exatamente uma Heloisa Helena da diplomacia?

Os militares são menos suscetíveis a mudanças do que parte da mídia faz crer. Podem até não as querer, mas não marchariam contra o Planalto, por exemplo, contra a abertura dos documentos da ditadura, a instauração da Comissão da Verdade e até, num caso extremo, uma possível revisão da Lei da Anistia.

O Brasil não foi adiante em questões sensíveis na área de direitos humanos não por pressão das Forças Armadas, mas por tibieza do poder civil, por comodismo de presidentes eleitos diretamente, por falta de interesse do Planalto em comprar uma briga que, para boa parte da sociedade, não lhe diz respeito.

Dizer que os militares não aceitam isso ou aquilo é não querer enxergar que o Brasil mudou. Há uma década, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma enrolam a Aeronáutica na história da compra dos caças e não se ouve um pio na caserna. Não há dinheiro para honrar o sagrado direito dos recrutas a três refeições diárias ou para fazer os navios e aviões se moverem, mas generais, brigadeiros e almirantes não abrem a boca em público.

Não há tensão na caserna com a ascensão de Celso Amorim, só nas redações.

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