As Melhores do "Vai..."

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"Ler devia ser proibido"



Este belo e irônico texto de Guiomar de Grammont nos faz refletir sobre as inúmeras possibilidades que a leitura nos agrega. Um autêntico manifesto ao prazer de ler. A todos nós, amantes da leitura, um delicioso texto:

Ler devia ser proibido

“A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.”
Uma bela manifestação de como podemos e devemos recuperar nosso hábito de ler!

Fonte: Leia Livro

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FHC: Aécio Neves não tem comportamento de um presidenciável




Aécio parece que não gostou muito do que disse FHC
(Copiado e colado do blog Histórias para Boi Acordar)

O blog de Josias de Souza na Folha de S. Paulo informa que FHC tem dedicado severas críticas à Aécio Neves em suas conversas privadas.

O jornalista diz que “na opinião de FHC, o comportamento de Aécio é incompatível com o desejo dele de ser candidato à Presidência da República”. FHC lamenta que Aécio Neves não participe da discussão sobre os temas mais relevantes do país e que não dialogue com os brasileiros.

O fato é que Aécio Neves não se apresenta para o debate simplesmente porque não tem competência para isso. Seu blábláblá é simplesmente eleitoreiro e só se sustenta com o forte aparato de marketing e de censura.

Só não vê quem realmente não quer: enquanto era governador, os gastos do estado com publicidade aumentaram 451% (isso mesmo, 451%, leia o post“choque de gestão” ou de marketing?); os casos de censura e controle da mídia ficaram nacionalmente conhecidos (veja aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui,aqui e aqui entre muitos outros)

Como senador e sem parte do controle da propaganda e das notícias que a cada dia revelam o estrago que seu governo fez em MG (se informe em outros posts deste e de outros blogs como andam os serviços públicos, as finanças e as maracutaias da Minas Gerais real), só resta a Aécio Neves contar com a sua própria competência, mas ela é quase nula.

Os mineiros já estão descobrindo isso: leia o post aécio neves se diz “preparado” para ser candidato à presidente, mas os mineiros discordam

Os paulistas também: leia o post coluna de aécio neves na folha de s. paulo revela aos paulistas a mediocridade do senador mineiro

A decepção de FHC só veio à tona agora, mas ela já era perceptível entre os correligionários de Aécio : leia o post bye, bye aécio: PSDB está de olho em eduardo campos para 2014

Mas a maior decepção deve ser mesmo dos eleitores de Aécio Neves: reconhecer que apostaram seu voto numa imagem vazia, construída a custa da liberdade de imprensa e do investimento de bilhões de reais em propaganda não deve ser nada fácil.

Presidenta Dilma chama Joaquim as "favas"


Presidência da República
Secretaria de Comunicação Social
Secretaria de Imprensa

NOTA OFICIAL

Na leitura de relatório, na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal, o senhor ministro Joaquim Barbosa se referiu a depoimento que fiz à Justiça, em outubro de 2009. Creio ser necessário alguns esclarecimentos que eliminem qualquer sombra de dúvidas acerca das minhas declarações, dentro dos princípios do absoluto respeito que marcam as relações entre os Poderes Executivo e Judiciário.
Entre junho de 2001 e fevereiro de 2002, o Brasil atravessou uma histórica crise na geração e transmissão de energia elétrica, conhecida como “apagão”.
Em dezembro de 2003, o presidente Lula enviou ao Congresso as Medidas Provisórias 144 e 145, criando um marco regulatório para o setor de energia, com o objetivo de garantir segurança do abastecimento de energia elétrica e modicidade tarifária. Estas MPs foram votadas e aprovadas na Câmara dos Deputados, onde receberam 797 emendas, sendo 128 acatadas pelos relatores, deputados Fernando Ferro e Salvador Zimbaldi.
No Senado, as MPs foram aprovadas em março, sendo que o relator, senador Delcídio Amaral, construiu um histórico acordo entre os líderes de partidos, inclusive os da oposição. Por este acordo, o Marco Regulatório do setor de Energia Elétrica foi aprovado pelo Senado em votação simbólica, com apoio dos líderes de todos os partidos da Casa.
Na sessão do STF, o senhor ministro Joaquim Barbosa destacou a ‘surpresa’ que manifestei no meu depoimento judicial com a agilidade do processo legislativo sobre as MPs.  Surpresa, conforme afirmei no depoimento de 2009 e repito hoje, por termos conseguido uma rápida aprovação por parte de todas as forças políticas que compreenderam a gravidade do tema. Como disse no meu depoimento, em função do funcionamento equivocado do setor até então, “ou se reformava ou o setor quebrava. E quando se está em situações limites como esta, as coisas ficam muito urgentes e claras”.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Leonardo Boff- Manter viva a causa do PT : para além do “Mensalão”



Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.

De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização  nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis.

Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em  que  este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.

Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará  todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.

Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto  apenas duas decisivas.

A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”.

Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente  representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas,  amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e  liquidar  com  seus líderes.

A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos,  ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.

Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada.

Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho  aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência.

Essa utopia mínima é factível. O PT  se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores  superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e dr.h.causa em politica pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Leonardo Boff apoia Patrus

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

TV DURVAL 04 - Lula apoia Durval para Prefeito

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aécio lembra mensalão do PT e esquece da Lista de Furnas




Aécio Neves parece que está sofrendo de amnésia alcoólica. Suas constantes bebedeiras o faz dizer frases que voltam contra si de uma maneira incrível. No último comício de Márcio Lacerda, Aécio citou o mensalão do PT para poder atacar Patrus Ananias. Aécio disse, ao lado de seu pupilo, que o PT se apropria dos recursos públicos como se fossem do partido e fez referência ao entendimento dos ministros do STF de que houve desvio de dinheiro federal em operações do Banco do Brasil com a agência de publicidade de Marcus Valério, a DNA.

““O PT se apropria de empresas públicas, como fez e agora está comprovado pelo STF em relação ao Banco do Brasil. Uma vergonha, uma instituição secular, símbolo do Brasil, atender a interesses do partido. É um problema grave do PT: tem muita dificuldade em separar o que é público do que é privado”, disse o Senador em carreata com Lacerda.

Mas como iniciei o texto acima, Aécio sofre de amnésia alcoólica. Aécio esqueceu de falar que ele mesmo recebeu, em 1998 do então governador Eduardo Azeredo, a modesta quantia de R$108 mil reais. Inclusive, esse mensalão, criado por Azeredo, usou recursos de várias estatais mineiras, como Copasa e a Cemig. 

Mas Aécio não consegue lembrar isso. Por que será?O buraco ainda é mais profundo.

Aécio chegou a receber R$5,5 milhões do mensalão dos tucanos em um único repasse. E até hoje não foi julgado.

Mensalão para 150 políticos do PSDB e do DEM teria sido extraído da estatal de energia; lista de repasse de verbas, assinada pelo então presidente Dimas Toledo (centro), para as campanhas de 2002, é legítima, segundo laudo da PF; Ministério Público acata.

Segundo o jornalista Amaury Ribeiro Jr. , em sua coluna no jornal Hoje em Dia de Belo Horizonte, a lista de Furnas, assinada pelo próprio Dimas Toledo, traz o nome de políticos que receberam doações clandestinas de campanha da empresa estatal em 2002. Entre os beneficiados estão os ex-governadores de São Paulo e de Minas Gerais, e outros 150 políticos. Os próprios executivos da Toshiba do Brasil – uma das empresas que financiavam o esquema – confirmaram a existência de um caixa dois que sustentava mesada de servidores e políticos. O superintendente Administrativo da empresa japonesa, José Csapo Talavera, afirmou, por exemplo, que os contratos de consultoria fictícios das empresas de fachada, até 2004 , eram esquentados por um esquema de “notas frias”.

Como Patrus é um candidato que tem propostas, que tem um conteúdo, preferiu ficar quieto e focar nas propostas para que Belo Horizonte tenha uma campanha de conteúdo. O problema é que tem gente que bebe demais e esquece disso...

Marcio Lacerda em Voto Lacerda porque

Comício de Patrus e Lula na Praça da Estação

Gagged in Brazil - Censura na Imprensa - Aécio Neves